Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Criança (CIEN) é uma instância internacional, que se dedica a abordar, de forma interdisciplinar, com os profissionais concernidos, as dificuldades encontradas pelas crianças e adolescentes no laço social. O CIEN compõe as Redes da Infância do Campo Freudiano. Fundado por Judith Miller em 1996, conta com laboratórios em diversos países. No Brasil, encontramos práticas de modo mais expressivo desde 2007, sendo que hoje está presente em oito estados e possui um boletim eletrônico: CIEN Digital: https://ciendigital.com.br/

Esta comunidade de trabalho estrutura-se em torno de um dispositivo original que tem por coluna vertebral a psicanálise de orientação lacaniana: o laboratório de investigação. Reunindo profissionais de diferentes disciplinas em torno de um eixo de pesquisa determinado, o laboratório instaura uma nova forma de laço social, fundada sob as trocas de experiências de cada um, e uma reflexão orientada pela psicanálise, de forma que as disciplinas iluminem umas às outras.

No CIEN a palavra encontra espaço para circular, tornando a psicanálise anfitriã de outras disciplinas que também se ocupam da infância e adolescência. As conversações se dão a partir dos impasses da nossa época, que recaem sobre as crianças, os adolescentes, familiares, cuidadores e educadores. Apostamos na emergência de um ponto de saber, como por exemplo uma modesta elaboração que se faz por meio do intercâmbio de ideias entre cada um dos presentes na conversação. Testemunhamos situações que muitas vezes extrapolam o manual, o protocolo, os campos da educação, da saúde e da justiça, o que nos exige pensar em novas estratégias e repensar as formas do laço social.

O que chamamos de impasse no CIEN? São  pontos permeados por um não-saber genuíno acerca de um sofrimento. A oferta da palavra e o tempo determinado possibilitam que uma questão acerca deste impasse se formule, dando uma direção para o trabalho dos laboratórios.

Desse modo, o CIEN sustenta-se em 4 princípios:

– a conversação como método;

– a interdisciplinaridade

– o impasse

– a aposta no não-saber como orientação para a produção (ou não) de um saber.

Atualmente funcionam três laboratórios no estado de São Paulo:

 

LABORATÓRIO BOLA DE GUDE

O laboratório segue orientado pela pergunta que o fundou: onde estão as crianças na cidade? Esta pergunta se desdobrou, a partir das conversações com as crianças e adolescentes, em outra questão: onde estão os adultos interessados nos dizeres das crianças? É nessa orientação, sobre os lugares dos dizeres das crianças e adolescentes na época, que a investigação e as atividades estão se desenvolvendo.

Local de trabalho

Estação Cultura – Praça Marechal Floriano Peixoto, s/n, centro – Campinas – SP.

Encontros

Entre os laboratoriantes: no último sábado de cada mês, às 9h30, na Estação Cultura.

Com as crianças e adolescentes: quinzenalmente, às quartas-feiras pela manhã e tarde, no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos “Aprender Mais” Campo Belo, do Instituto Padre Haroldo.

Responsáveis

Tatiana Vidotti (psicanalista, membro da EBP/AMP e associada ao CLIN-a) – tatianavidotti@gmail.com

Cláudia Regina Santa Silva (psicanalista, membro da EBP/AMP e associada ao CLIN-a) – clau.santa@gmail.com

Participantes

Acauã Maués Gil de Oliveira (professor do ensino fundamental), Cassia Maria Rosato (psicóloga e professora), Emelice Bagnola (psicanalista), Fernanda Doretto (psicóloga e psicanalista), Renilda Matos (psicóloga e psicanalista), Vanessa Aguiar (pedagoga e coordenadora do projeto social), Valéria Nascimento (educadora social) e Renata Spinelli Colombo (psicóloga).

 

LABORATÓRIO CRIAR

As Conversações do laboratório CRIAR iniciaram a partir do desejo de saber sobre um interrogante: o que acontece na cidade de São Paulo? As reuniões perseguem essa pergunta. Considerando as dificuldades encontradas na cidade de São Paulo e o desejo de estar na cidade, outra interrogação se levanta: o laboratório CRIAR poderia criar uma demanda de conversação? Com essa brecha criada, o laboratório estabeleceu, com o apoio de uma laboratoriante, uma parceria com a biblioteca Hans Christian Andersen.

Local de trabalho

Biblioteca localizada no Bairro do Tatuapé, na capital paulista.

Encontros

Segundas-feiras às 20h, uma vez por mês (modalidade online).

Responsáveis

Maria de Fatima Santos Luzia (fonoaudióloga, psicanalista e associada ao CLIN-a) – mfatima.luzia@gmail.com

Cynthia Gonçalves Gindro (psicóloga, psicanalista e associada ao CLIN-a) – cyntiaggindro@gmail.com

Participantes

Ana Beatriz Bonini Franchin  (psicóloga), Camilla Baratto (psicóloga), Christianni Mattoso Amizo Matos (psicóloga) e Marilene Graziele Viana (psicóloga).

 

LABORATÓRIO RUÍDO

O laboratório Ruído iniciou suas atividades investigativas no campo educacional no final de 2019. Neste percurso de existência nos deparamos com o impasse: como sustentar as conversações com outros discursos fora da psicanálise? Realizamos atividades na Escola Estadual Homem de Mello, desde 2024, com jovens do 9º ano e do primeiro ano do Ensino Médio. A pedido da Secretaria de Educação, encerramos esta parceria com a escola e estamos, atualmente, avaliando um novo convite da diretora da Escola Estadual Guilherme de Almeida, para dar continuidade às conversações com os jovens.

Local de trabalho

Escolas Estaduais

Encontros

Última quinta-feira de cada mês, às 14h30 (modalidade online).

Responsáveis

Aparecida Santa Clara Berlitz (terapeuta ocupacional, psicanalista e associada ao CLIN-a) –  aberlitz@outlook.com.

Renata Perche (educadora, psicanalista e associada ao CLIN-a) – renata.perche@gmail.com

Participantes

Carolina Parada (psicóloga e psicanalista) e Fabiana Gama Pereira (psicóloga e psicanalista).