Núcleo de Pesquisa sobre a prática lacaniana nos novos tempos e sua transmissão
Frequência: quinzenal
Dia:Segundas-feiras
Horário: 20:30às22:00
Início: 07/03/2022
Plataforma:Zoom(CLIN-a)
Coordenação: Antonio Alberto Peixoto de Almeida e Gabriela Ponte Rodrigues
Contatos: antonioalbertoalmeida@gmail.com e gabrielaa.rodrigues@hotmail.com
Argumento 2022
A proposição deste Núcleo de Pesquisa foi inspirada na fala de J.-A. Miller, proferida na apresentação de seu livro Polêmica Política[1] e retomada no debate levantado a posteriori em sua conta do Twitter, em que o autor transmite, com sua enunciação, a necessidade de que os analistas tenham uma posição dócil em relação àquilo que aparece de novo na época.
Desse modo, o que seria posicionar-se de maneira dócil em relação ao novo?
O Núcleo é uma aposta na afirmação de Miller de que “o real do laço é a inexistência da relação sexual”[2] e, neste sentido, é fundamental que o psicanalista suporte as ressonâncias do impossível em cada época e no próprio interior da psicanálise de orientação lacaniana mantendo-se, ao mesmo tempo, “sensível às formas de segregação da civilização”[3], como bem nos indica Éric Laurent.
Na mesma esteira, Marie-Hélène Brousse em seu seminário O inconsciente é a política[4], desenvolve a questão da psicanálise no tempo dos mercados comuns e dos processos de segregação. Ela nos diz sobre os horizontes que nos projetam na vida pública e na política a partir de três pontos de fuga: o Édipo não é solução, a solução escola e o campo de concentração:
Trata-se do horizonte da psicanálise em extensão, isto é, psicanálise à medida que ela se aplica ao laço social. É a psicanálise à medida que não determina um real social, no qual está submersa. Os três pontos de fuga permitem caracterizar tanto o que define a época quanto o mundo que determina a organização da própria psicanálise. Esses pontos de fuga, diz ele
[Lacan] são os fatos. ”A partir da clínica, da transmissão do saber analítico e da orientação em direção ao real, interessa ao Núcleo a pesquisa sobre os novos sintomas, a prática lacaniana hoje e o que há de novo nas formas de fazer laço. Como nos indica É. Laurent, não há separação entre o corpo falante e sua realidade material: “[…] O corpo que fala testemunha o discurso como laço social que vem se inscrever sobre ele: é um corpo socializado. Essa dimensão coletiva aparece em seus desarranjos e nomeações. A subjetividade que está em jogo aí é individual, mas também de uma época”[5].
Trata-se de uma investigação em consonância com a proposta que o Instituto espera de seus Núcleos de Pesquisa, uma vez que aqui estará em perspectiva não só a produção de algum saber, mas sua circulação entre vários. Para este primeiro semestre queremos elucidar a problemática em torno do contemporâneo a partir dos três pontos de fuga indicados por M.-H. Brousse, o que implica abordar a incidência dos discursos nas novas formas do laço e sobre os chamados novos sintomas.
Após esse momento inicial, temos a intenção de desdobrar a pesquisa em alguns eixos, com temáticas específicas em relação ao contemporâneo, levando sempre em consideração os impasses que a época nos impõe enquanto praticantes da psicanálise de orientação lacaniana.
Funcionamento
A cada encontro uma dupla de participantes, incluindo os coordenadores, ficará responsável por animar a conversação a partir do tema e dos orientadores teóricos propostos no programa do Núcleo. A forma com que cada dupla animará cada conversação fica a critério da dupla.
Bibliografia
BROUSSE, M.-H. O inconsciente é a política. 2ª ed. – São Paulo: Escola Brasileira de
Psicanálise, 2018.
FREUD, S. (1930). O mal-estar na civilização, Novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos (1930-1936). Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras,
v. 18.